O analista político guineense disse hoje que a Guiné-Bissau está a ser empurrada para uma situação que possivelmente poderá ser muito mais complicada com a sua visita à Ucrânia.
Convidado, esta sexta-feira, um dia depois do presidente da República, Umaro Sissoco Embaló conversou por telefone com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, na qual anunciou a sua intenção de visitar o país em guerra com a Rússia deste passado dia 24 de Fevereiro, Rui Jorge Semedo entende que a diplomacia guineense não pode influenciar na crise que considera de dois blocos mundiais.
“ Acho que a diplomacia da Guiné-Bissau não chegou a esse nível para influenciar na crise existente que não é só entre a Rússia e Ucrânia mas uma crise em dois supostos blocos mundiais existentes, comunismo e capitalismo e que continua a ter a sua influência no cenário internacional, por isso, o assunto é tão complexo”, observou o analista para de seguida afirmar que “a Guiné-Bissau, certamente está a ser empurrado para uma situação que poderá ser ainda muito mais complicado. Nas informações que acompanhei, quer da presidência da República assim como dos órgãos da comunicação social, não houve uma tentativa, por exemplo, de contacto com a Rússia, neste caso com Putin, e acho que a intervenção da Guiné-Bissau deve ser muito equilibrada porque o assunto é delicado. A Guiné-Bissau não pode esquecer das suas relações com a Rússia durante o processo que depois conduziu para a independência da Guiné-Bissau”.
Para o politólogo “a Guiné-Bissau no início da guerra Rússia contra Ucrânia, tinha uma posição muito concentrada e racional, uma posição esperada pela nossa liderança política e particularmente da presidência da República no entanto, nos últimos dias, essa posição parece ter estado a mudar e entrar num beco muitíssimo perigoso, por isso é necessário muita reflexão sobre este assunto”, notou o comentador.
Perante esta tendência, o analista político diz que “se a Guiné-Bissau quer realmente intervir, participar ou colaborar na resolução desta crise tem que procurar o equilíbrio necessário que lhe permita ser vista com os bons olhos pelas ambas as partes. Emmanuel Macron esteve nos Camarões e apelidou as lideranças africanas de “hipócritas” porque o continente não defendeu a Ucrânia, então talvez esta sua visita tem estado a contribuir para que a Guiné-Bissau entenda que tem que tomar a posição relativamente a essa crise o que é muito mau”, criticou para depois acrescentar que “ a Guiné-Bissau tem que manter a sua posição de neutralidade como vez no início da agressão russa à Ucrânia, ou seja, para apoiar o bloco comunista ou capitalista, evitando entrar no jogo”, rematou.
Através da página oficial da rede social Facebook o presidente da República anunciou na quinta-feira (04.09) a intenção de visitar a Ucrânia em data a indicar juntamente com o presidente em exercício da União Africana, o chefe de estado do Senegal, Macky Sall.
A mesma fonte da presidência assinalou ainda que a Guiné-Bissau está a trabalhar no sentido de reforçar o diálogo entre as partes em conflito e encorajar o fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Por: Braima Sigá